Aniversário de Brasília 51 Anos Acessível – Como foi.

Tive o grande prazer de coordenar a acessibilidade da festa de aniversário de 51 anos do aniversário de Brasília.
Foi uma festa maravilhosa que a Alexandra Capone Coordenou/Produziu.

A festa toda foi maravilhosa. A organização e a variedade de atividades apresentadas foi impressionante! Todas as equipes trabalhavam com um entusiasmo e uma dedicação muito grandes. Fora o compromisso e a seriedade em cada atividade. Todos engajados em fazer desta festa, a melhor. Posso dizer isso, principalmente pelo motivo de ter precisado conversar com praticamente todos os produtores de palco, responsáveis por permitir a permanência dos dois Intérpretes de LIBRAS nos palcos. Fui sempre muito bem recebida e tive o apoio e a boa vontade de todos que, com entusiasmo, sempre divulgavam e apoiavam a presença dos profissionais de LIBRAS durante as apresentações. Até ocorreu a interessante cobrança pela falta dos intérpretes quando alguns fotógrafos pediram que a equipe se reunisse para uma foto de matéria jornalística e eu fiz a reunião no horário de mudança de equipe. É que, nem o tal fotógrafo e nem o jornalista apareceram nessa hora, então, acabamos por demorar um pouco mais de tempo esperando. Acabei liberando a equipe para voltar aos seus postos. Mas, foi muito bom ter o produtor do palco cobrando a presença dos Intérpretes! Passamos tanto tempo sendo expulsos dos palcos… Algumas vezes bruscamente…

Minha equipe tinha 14 Intérpretes escolhidos a dedo entre os que participaram do Brasília Outros 50, festa paralela no aniversário de 50 anos de Brasília em 2010 que se revezavam entre os sete palcos nos horários em que não havia intervalos e apresentações instrumentais.

Além dos Intérpretes, tínhamos sete Guias treinados para ir encontrar as Pessoas com Deficiência Visual no metrô, em local previamente combinado com a Adriana, da Associação Brasiliense dos Deficientes Visuais – ABDV, de onde todos eram encaminhados para a nossa tenda de Apoio a Acessibilidade, que ficava na tenda gentilmente cedida pela CORDE-DF. Lá, era oferecida a programação que foi disponibilizada pela ABDV em BRAILLE, áudio em MP3 e CD e em letras aumentadas para quem tinha visão subnormal. Estes mesmos Guias, também acompanhavam as Pessoas com Deficiência Visual até os palcos ou locais para onde elas desejassem seguir. Da mesma forma, acompanhavam Pessoas com Deficiência Física e mobilidade reduzida. No palco principal, havia local especial para que todas as Pessoas com Deficiência pudessem assistir às apresentações com conforto e respeito. Os Guias encaminhavam as pessoas para aquela área e os seguranças cuidavam de recebê-las muito bem. Tivemos vários Surdos, cadeirantes e Pessoas com Deficiência Física no show de César Menotti & Fabiano.

Na nossa tenda de Apoio a Acessibilidade, tivemos a exposição da arte em argila feita pelos escultores com defciência visual da ABDV. Também soube que na tenda de Sobradinho, havia uma pintora com a boca e os pés. Fui lá conferir as obras, mas ela não estava na hora. Na tenda do Lago Norte, havia maravilhosas obras de jovens pintores com Síndrome de Down. Passei um certo vexame porque me emocionei muito com os quadros lindíssimos! Eles tinham Alma, sabe? Só de lembrar, me arrepio…

Outra cena linda que me deixou muito emocionada foi ver as crianças surdas sentadinhas vendo a contação de histórias… Queria muito agradecer aos pais dessas crianças que confiaram no nosso trabalho e levaram seus pequenos para se divertir com as outras crianças.

Ainda estou extasiada com tudo. A festa toda foi linda. O espaço todo foi utilizado pelo povo, como um dia sonhou JK. Alê Capone, como sempre, realizou um traballho primoroso que deixaria Tom extremamente orgulhoso, tenho certeza. Dona Maroca, pelo menos, eu sei que está.

Claro que uma festa deste tamanho tem seus imprevistos. Aconteceram coisas que estavam realmente fora do controle. Mas, para estes momentos é que contamos com as forças de segurança que realizaram um trabalho fantástico em todos os sentidos. No entanto, aquilo que dependeu da participação, dedicação e esforço de todos, foi feito com muito orgulho, seriedade, compromisso e responsabilidade.

Outro acontecimento memorável foi conhecer Marcia Caspary, audiodescritora de quem já ouvi muito falar e a quem tive o prazer de conhecer em uma visita que ela fez a nossa tenda já no finalzinho do evento. Essa nova amizade ainda vai dar pano pra manga… Espero!

Por falar em finalzinho, o show de encerramento foi uma maravilha. Eu, pilhada, apesar de morta de cansaço. Já tinha rodado quase todos os palcos finalizando as apresentações e atuações dos Intérpretes, providenciando a desocupação da nossa tenda e preparando-me para ir substituir os intérpretes no palco principal. Quando finalmente cheguei lá, que era perto do Congresso, quase cai para trás, tamanha a beleza daquela festa. O pessoal do balonismo fez um balão muito show em formato de bolo de aniversário. Entrei correndo, esbaforida, porque o Virgílio estava sozinho interpretando no palco. A doce Michele Cano me parou para um abraço e eu estava emocionada com tudo… Encontrei Alê Capone ali, logo ao lado dela, e não resisti! Tive que dar muitos abraços e gritos de felicidade e gratidão para essa mulher que realiza projetos de sonho. Um sonho que começamos juntas há uns 5 anos atrás, no show da Caixa Cultural. Nosso primeiro show com acessibilidade total. O primeiro de inúmeros que já fizemos e faremos!!

A apresentação com a Orquestra do Teatro Nacional Cláudio Santoro e convidados foi inesquecível e eu tive o prazer de interpretar, junto com o Virgílio, a apresentação do Martinho da Vila com a filha dele, virtuosa pianista.

Tudo ia muito bem, mas sempre tem quem estrague a festa… Ainda bem que foi já no finalzinho e a polícia deu logo fim no tumulto que alguns arruaceiros começaram. Já estava mesmo na hora do parabéns e da queima de fogos, que eu perdi em parte porque estava apertadíssima procurando um banheiro… hehehehe Já eram 23 horas quando tudo terminou.

As pessoas foram embora, as luzes se apagaram. Liguei para os meus amores virem me buscar e fomos para casa. Dois dias de muito trabalho, muita emoção, uma equipe maravilhosa (que eu vou listar aqui em breve porque não sou a pessoa com a melhor memória do mundo e agora a lista não está à mão), todos de parabéns!!

Entretanto, não acaba por aqui, não… Continuaremos trabalhando duro para que a Acessibilidade Cultural torne-se rotina, Universal, básica, normal. Ainda temos muito a fazer. Coordenar um evento desta grandeza foi uma vitória enorme! Tanto para as Pessoas com Deficiência, quanto para mim, em particular. Só que ainda não chegamos a 10% do que precisamos. Nosso trabalho é grande e nosso entusiasmo e vontade são maiores ainda!!!

Foi isso! Estas são algumas das impressões que consegui expressar. Não tenho palavras para expressar o que sinto até agora. Posso resumir em gratidão, alegria, êxtase, esperança… Tanta coisa, amigos!

Só vou parar aqui porque, senão, escreverei um livro somente sobre essa conquista maravilhosa!!

Alê, muito, muito obrigada, minha querida amiga!! Vamos continuar!

P.S.: Em breve, fotos do evento.